segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O século das luzes... no cabelo



Querer não é poder (uma questão de princípios)


Estou cansado de ser tão inculto

Um alguém que procura palavras pra usar
Quando, num passe de mágica
Posso simplesmente mostrar que sou um herói
Da grande poesia de “nóis”
Estou cansado da minha falta de criatividade,
Tentando mostrar ao mundo
Coisas que já existem e todo mundo vê:
A miséria, a corrupção, a mesmice
Já são nossos velhos amigos
O bom mesmo é ser original,
Falar da cor do meu novo tênis
Feito por uma criança asiática
Que já está acostumada à vida abaixo
Da linha da dignidade(Será que ela não percebe que está fora de moda?)
Eu quero a sabedoria dos grandes filósofos
Que criticam o mundo enquanto o tem
Debaixo das mãos
Sempre aprendi que é bom estar próximo de algo
Para poder criticá-lo
Será que ninguém entende que eu só quero
Um pouco da plenitude dos que morrem
De fome todos os anos, à beira do nada,
Enquanto tem um leque de oportunidades
Para escolherem, mas preferem morrer como sábios?
(Afinal, o silêncio é mestre da sabedoria)
Eu quero a fidelidade dos namorados que,
Mesmo estando com várias outras mulheres
Nunca perdem a chama inicial
Por suas musas inspiradoras
Eu quero todo o tempo do mundo
Para poder me dedicar as mais importantes
Causas sociais do meu dia a dia
Afinal, o mundo só será perfeito
Quando cada um de nós for feliz, certo?
Eu quero candidatos de maior bom gosto
Porque são eles que vão fazer as minhas escolhas
Durante os próximos anos
(Será que é pedir demais?)
Desejo, a audácia dos grandes, que bravamente
Romperam o hímen de toda a bobagem
Do passado e agora esperam o trem
Com uma mala vazia, pronta para receber
Tudo de melhor que lhe vier
Desejo, do fundo do meu coração
Que esse seja o último poema
De ignorância que o mundo traga em sua história
Eu só quero ser alguém melhor.

Um comentário:

  1. A sutil ironia devastadora... Acho que pode-se resumir assim esse poema ao meu ver, realmente inquietante...

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