sábado, 21 de agosto de 2010

Definições são inúteis

Assim, qualquer coisa

Eu poderia escrever algo convencional pra Faro
Ou um soneto clássico pra Carol
Mas Carolina não é nada disso
Carolina não se encaixa em rimas,
Não se prende em métricas
Ela é qualquer coisa que eu não sei, nem quero descobrir
Qualquer coisa que me acalma,
Qualquer coisa que me cativa,
Qualquer coisa que me surpreende
Esbanja simplicidade,
Não porque não acredita em seus dons,
Mas sim porque sabe que a vida não tem espaço para sobras
Não sei o que mais me chama a atenção:
Seu sorriso, que não pede em troca nada,
Ou seu plural aveludado, assim meSmo, como a brisa
Ela é qualquer coisa que me intriga,
Qualquer coisa além do que é tátil,
Qualquer coisa que me acaricia o infinito
É a ironia requintada ao mesmo tempo
Que ri como uma criança despreocupada
Ah, bem que eu queria um texto direto,
Um poema definitivo,
Um verso “certinho”
Mas, é impossível, porque
Carol é assim, qualquer coisa...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Testamento



Eu vou, mas não vos deixo nada.

Nada além do azul do céu,
Do vermelho das rosas,
Do suave barulho das ondas.
Nada além do tempo que vos consome
E aprisiona em uma busca infinita
Pela plenitude.
Eu vou, e não vos deixo nada.
Nada que a própria vida não se encarregue
De mostrar, seja da melhor ou da pior maneira possível.
Nada que não possa se perder,
Nada além do mero pó da existência que nos ilude.
Como quem passa, eu não vos deixo nada.

Eu vou, pois já não levo nada.

Nem um pingo de azul do céu,
Do vermelho das rosas,
Do suave barulho das ondas.
Apenas a certeza de que a plenitude
Se perdeu pelos meus dedos,
Eu já não levo nada.
Nem a capacidade de me surpreender,
Ou as lágrimas pra chorar.
Já não me ilude (ou quem sabe, fale a verdade)
A minha existência:
Eu vou, por não levar nada e vos deixar tudo.