terça-feira, 3 de agosto de 2010
Testamento
Eu vou, mas não vos deixo nada.
Nada além do azul do céu,
Do vermelho das rosas,
Do suave barulho das ondas.
Nada além do tempo que vos consome
E aprisiona em uma busca infinita
Pela plenitude.
Eu vou, e não vos deixo nada.
Nada que a própria vida não se encarregue
De mostrar, seja da melhor ou da pior maneira possível.
Nada que não possa se perder,
Nada além do mero pó da existência que nos ilude.
Como quem passa, eu não vos deixo nada.
Eu vou, pois já não levo nada.
Nem um pingo de azul do céu,
Do vermelho das rosas,
Do suave barulho das ondas.
Apenas a certeza de que a plenitude
Se perdeu pelos meus dedos,
Eu já não levo nada.
Nem a capacidade de me surpreender,
Ou as lágrimas pra chorar.
Já não me ilude (ou quem sabe, fale a verdade)
A minha existência:
Eu vou, por não levar nada e vos deixar tudo.
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Muito bom, analise perfeita daqueles momentos em que estamos decididamente mortos, apesar de vivos.
ResponderExcluirParabéns pet ;p
que liindo, adorei *-*
ResponderExcluirLindooo.... Arrasou, como sempre ;D
ResponderExcluirBy_Amanditaa
Noooossa, ficou escroto bicho! Um poema livre, sem métricas, e ainda sim perfeito! o/
ResponderExcluirMuito bom, adorei!